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Aplicativo Whisper permite publicar desabafos sem revelar a identidade

Juliana Carpanez

Post publicado no Whisper diz que casal da foto se conheceu via aplicativo

Post publicado no Whisper diz que casal da foto se conheceu via aplicativo – acredite se quiser

Como fã do finado aplicativo Post Secret, no qual os usuários podiam divulgar segredos e desabafos de forma anônima, me empolguei com as possibilidades do Whisper (“cochicho”; grátis para Android e iOS). Ele funciona de maneira muito parecida com o precursor, descontinuado há dois anos: o usuário escolhe uma foto, escreve a legenda (que pode ou não ter a ver com a imagem) e envia o conteúdo sem se identificar.

Mas o mais legal, mesmo, é bisbilhotar a vida alheia – com a ressalva de que muitas daquelas informações podem não ser verdadeiras.

No Whisper, a comunidade pode “curtir” o conteúdo usando um coração, responder (também com imagem e legenda) e até mesmo encaminhar uma mensagem direta a outros usuários – um dos “cochichos” estampa a foto de um casal e diz que eles se conheceram via app. Apesar de o uso ser anônimo, essa interação exige a criação de uma conta (com nome e senha).

O app também pode – se o usuário quiser – identificar a região onde foi feita a postagem. A localização permite selecionar os posts das proximidades (entenda-se Brasil), revelando conteúdo em português. Esse recurso facilita o uso entre aqueles que não falam inglês, pois esta é a língua dominante das postagens. Os dois idiomas são aceitos ao fazer buscas no banco de imagens, para ilustrar os “cochichos” (também dá para usar fotos próprias).

O programa oferece anonimato, mas afirma que pode eventualmente repassar à Justiça informações do usuário. Antes de torcer o nariz, saiba que foi justamente a garantia irrestrita de anonimato que matou o aplicativo do Post Secret cinco meses após seu lançamento (hoje, o criador Frank Warren mantém apenas um site com atualizações semanais).

Seleção de conteúdo
Tecnicamente, tudo funcionou direitinho durante os testes com o Whisper (o ponto negativo foi um irritante sistema de notificações, que só pôde ser desabilitado depois da criação da conta). Mas, do ponto de vista pessoal, o programa não empolgou, como achei que aconteceria. Isso porque, nesse mar de “sussurros” postados pelo usuário, é muito mais fácil encontrar conteúdo ruim do que bom.

Ao seguir um perfil em redes sociais mais tradicionais, como Facebook e Instagram, você sabe o que encontrará. E, se não gostar do conteúdo postado por aquela pessoa, basta deixar de segui-la. Com o Whisper é diferente. Ele exibe posts de usuários aleatórios, então você nunca sabe o que encontrará: há boas surpresas, mas geralmente trata-se apenas de perda de tempo. Além disso, o conteúdo parece muito batido, criando aquela impressão de “já vi isso antes”.

Uma saída é selecionar conteúdo das abas “popular” e “featured”: o primeiro destaca posts com mais interação, enquanto o segundo traz conteúdo selecionado pela equipe do aplicativo. Na manhã desta sexta (21), o “cochicho” mais pop dizia: “Nem sempre vou ao WalMart. Mas quando vou, consigo pegar o carrinho mais detonado disponível”. Já um selecionado trazia a frase: “O homem com quem me casei morreu no Iraque. Aquele que voltou era um monstro”.

Trata-se de uma alternativa para quem quer passar o tempo. Mas, dependendo do que encontrar pela frente, um desafio de Sudoku pode ser bem mais interessante.