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Fuga de John McAfee: confira os detalhes mais esquisitos desta história

Juliana Carpanez

Recentemente, a gente publicou aqui no UOL Tecnologia uma história que tem como protagonista John McAfee, 67, o fundador da empresa de antivírus. Resumindo tudo em 140 caracteres: McAfee fugiu após a morte do vizinho, da qual é suspeito. Ele nega. Usa a imprensa e seu próprio blog para afirmar que é um alvo do governo. Update: após três semanas foragido, McAfee foi preso na Guatemala.

A história, desde sempre bem estranha, passou para o campo do surreal quando McAfee criou um blog para dar sua versão sobre o caso. Abaixo, listamos os detalhes mais esquisitos dessa trama, que inclui acusações de paranoia, fugas com caixa de papelão na cabeça e um disfarce de turista alemão bêbado.

1 – Para começar, registremos aqui a estranheza de um fugitivo manter um blog atualizado sem ninguém rastreá-lo. O blog foi criado após a fuga e é atualizado mais de uma vez ao dia (um amigo chegou a publicar um post, mas a maioria é assinada pelo próprio John McAfee). Tem também o Twitter oficial de McAfee, com posts escritos em primeira pessoa.

2 – Após Gregory Faull ter sido encontrado morto, a polícia foi até a casa de McAfee, que era vizinho da vítima na ilha de Ambergris Caye. McAfee (que se diz alvo das autoridades belizenhas, sem especificar o motivo) afirma ter escapado se enterrando na areia, com uma caixa sobre a cabeça para poder respirar. Imagine a cena.

3 – Apesar de estar foragido, McAfee contou à “Wired” um de seus disfarces, quando ele pintou seu cabelo, sobrancelha, barba e bigode de preto. “Provavelmente ficarei parecido com um assassino, infelizmente.” Aí fica a dúvida: se o disfarce é revelado, continua sendo um disfarce?

4 – Ainda sobre disfarces, o foragido usou seu blog para dar detalhes de outras transformações – um turista alemão bêbado, por exemplo. “Aos 67 anos, foi um espetáculo”, comentou em seu blog.

John McAfee, em foto postada em seu Facebook

5 – McAfee afirma que, em outra ocasião quando estava disfarçado durante a fuga, quase vendeu uma escultura de golfinho para um repórter da Associated Press em Belize. Segundo ele, o repórter acabou se afastando após receber um telefonema urgente. Um golfinho, gente!

6 – Em seu blog, ele ''ajuda'' as autoridades com dicas sobre onde procurá-lo: “durante mais da metade do meu exílio, estou morando em uma árvore”. A quem possa interessar, neste mesmo post ele conta que todos os seus telefones celulares (sim, no plural) cheiram a urina, que está cheio de picadas de mosquitos,  que dorme menos de duas horas por noite. Também diz ter sido picado duas vezes por escorpiões e que come carne crua de iguana e de peixe.

7 – McAfee anunciou — em seu blog, claro — a criação de uma história em quadrinhos chamada “Hinterland”, em que o desenhista Chad Essley contará sua amizade com o “rei do antivírus”. Essley é administrador do blog de McAfee e envia neste mesmo site recados para o empresário (“John, me ligue assim que possível. Acabei de receber uma ligação do [programa] Good Morning America”).

8 – Apesar de ser procurado pela polícia de Belize, McAfee afirmou à revista “Wired” que não tem planos de se apresentar às autoridades nem de deixar a ilha. Não que a gente conheça Belize, mas existe essa opção de viver foragido em uma ilha?

9 – Um repórter da revista “Wired”, que foi a Belize em junho entrevistar McAfee, contou à Folha de S.Paulo que “o empresário vivia atualmente com cinco mulheres belizenhas em seu rancho de 10 mil metros quadrados. Todas aparentavam ter menos de 20 anos, e uma delas, uma prostituta de 17 anos, andava armada e já atirara contra o próprio McAfee”.

10 – O primeiro-ministro de Belize, Dean Barrow, chamou McAfee de maluco e paranoico. Ele respondeu, dizendo que maluco é o premiê. Mas, em outra declaração, afirmou: “Você pode dizer que sou paranoico, mas eles vão me matar”.

11 – Depois de preso na Guatemala, McAfee continuou atualizando sem blog. De dentro da prisão, claro, porque nada aqui é convencional. Em um dos posts, ele contou: “Estou usando o computador de um dos guardas […]. Ele é um homem doce e educado […]. Ele faz café para mim e me conta histórias sobre sua vida. É uma boa companhia”, escreveu McAfee, que agora tem um novo amigo.