O iPhone perdeu a graça? Filas menores apontam novo comportamento no Brasil
Juliana Carpanez
O iPhone 5s criou um novo patamar de preço para os smartphones no Brasil: o aparelho com 64 GB chega a custar R$ 4.499 em sua versão desbloqueada na operadora Vivo. Mas se até pouco tempo atrás os (nossos) iPhones mais caros do mundo não assustavam os aficionados por tecnologia, a situação parece ter mudado. No lançamento da última semana, acompanhado pelo UOL Tecnologia em dois shoppings de São Paulo, o número de pessoas interessadas na novidade era muito menor do que em anos anteriores.
Sejamos justos: não é necessário ficar na fila para comprar um iPhone. O usuário pode fazer isso online, via sistemas de pré-venda, ou até esperar alguns dias para adquirir seu objeto de desejo. Mas essas possibilidades também existiam em anos anteriores, quando centenas de brasileiros chegavam a se aglomerar em frente às lojas, importando um comportamento adotado em lançamentos da Apple no exterior.
O início das vendas do iPhone 5s e 5c ficou longe dessas filas tão numerosas, que acabavam depois das 4h. Nem a presença de celebridades nos lançamentos – essa sim uma tradição 100% brasileira – foi capaz de abarrotar as lojas.
A TIM no shopping Eldorado foi a mais cheia e, com um cálculo generoso, tinha cerca de 50 possíveis compradores. As demais operadoras e varejistas reuniram entre 20 e 30 deles, sendo que em ao menos dois estabelecimentos esse número não passava de uma dezena de pessoas.
Lançamento do iPhone na mesma loja do shopping Eldorado (SP), em dois momentos. Foto 'cheia', à esquerda, é de 2010 (iPhone 4); imagem à direita é de 2013 (iPhone 5s)
Me dê motivos
A hipótese mais óbvia para esse esvaziamento é mesmo o preço. Esses valores nunca foram camaradas em terras brasileiras, mas podem agora ter passado aquele limite que o consumidor está disposto a pagar. A loja da Apple e maioria das operadoras cobram entre R$ 1.999 e R$ 3.599 pelos novos modelos, que chegam aos temerosos R$ 4.499 citados no início deste texto.
Há também uma base maior de usuários de iPhone, que não necessariamente querem trocar seus aparelhos por um modelo mais novo (e mais caro). Teoricamente era mais fácil atrair novos compradores quando os celulares da Apple eram novidade e poucos brasileiros tinham um iPhone para chamar de seu.
Some a isso o aumento da oferta. Quando o iPhone chegou ao Brasil, em 2008, era sinônimo de smartphone (aparelho inteligente, que roda sistema operacional robusto). Hoje em dia essa categoria só cresce: corresponde a 54% dos telefones celulares vendidos no país e 51,8% dos aparelhos comercializados em todo o mundo. Do total de smartphones vendidos globalmente no segundo trimestre, cerca de 14% eram da Apple.
Além de aumentar, a concorrência melhorou. Se antes só o iPhone era inteligente a ponto de passar de ano, há hoje diversos aparelhos que cumprem muito bem o que se propõem a fazer. Com isso, o consumidor passa a ter diversas boas opções– podendo inclusive escolher qual aparelho se encaixa melhor em seu bolso, no sentido não literal dessa história.
Onde você se encaixa? É fã incondicional dos aparelhos da Apple ou aposta na concorrência? Deixe seu comentário.
Veja abaixo fotos do lançamento (bombado!) do iPhone 4 no Brasil, em 2010.